quarta-feira, 13 de março de 2013

DANÇA VS MAL DE PARKISON !

 
Que a dança tem efeitos terapêuticos ninguém duvida, mas de acordo com uma pesquisa comandada pelo cientista britânico Petter Lovatt estes benefícios vão além do bem-estar, podendo inclusive combater os efeitos mentais degenerativos causados pelo Mal de Parkinson, doença que atinge pelo menos quatro milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Conhecido como Dr. Dance, Lovatt é um ex-dançarino profissional com doutorado em Psicologia pela Universidade de Cambridge e especialização em Psicologia Cognitiva. Ele coordena o Laboratório de Psicologia da Dança na Universidade de Hertfordshire, no centro-leste da Inglaterra.
“Já existem outros estudos mostrando que a dança ajuda nas questões de mobilidade e equilíbrio dos portadores de Parkinson, mas o que pudemos ver nos nossos estudos é que há também influência cognitiva, sobretudo no processo de pensamento divergente, em que é preciso encontrar mais de uma solução apropriada para um problema. Basicamente a dança é melhor do que o exercício tradicional para essas pessoas”, explica o cientista.
Os resultados de um trabalho de três meses com grupos de pacientes revelam ainda dados curiosos sobre os efeitos cognitivos: enquanto formas de improvisação de dança influenciaram o pensamento divergente, formas estruturadas, em especial o tango, desenvolveram efeitos no pensamento convergente (o que busca uma única solução para determinado problema). Nesse caso mais específico, Lovatt detectou acelerações em apenas 15 minutos de dança. “Foi um resultado que também vimos nos experimentos com gente saudável. Imagine se as escolas pudessem incentivar mais movimentação dos alunos em vez de deixá-los sentados o dia inteiro. Ainda não sabemos como, mas está claro que a dança tem influência nos processos neurais. No caso do Parkinson, por exemplo, os cérebros de quem têm a doença podem estar desenvolvendo caminhos alternativos, driblando as partes afetadas”, explana o cientista.
O exercício de imaginação tem também um aspecto pessoal. Disléxico, Lovatt tinha sérias dificuldades e passou por anos de estudo sem conseguir obter as qualificações obrigatórias para tentar um curso universitário – não que ele fizesse muita questão na época, diga-se de passagem. Seus esforços eram destinados à dança e ele trabalhou anos como profissional participando de produções teatrais e mesmo de turnês em cruzeiros. “Não tinha o menor interesse no meio acadêmico, achava fora da realidade. Só aprendi a ler de verdade quando comecei a usar o ritmo da dança para me ajudar com palavras mais complicadas. Foi quando comecei a ver que estava fazendo basicamente o que todo mundo faz quando gesticula em busca das palavras: algum tipo de movimento”, explica Lovatt.
E se os benefícios de exercícios físicos já foram mais que divulgados pelo meio acadêmico, o cientista-dançarino acredita que é necessário expandir o corpo de estudos sobre a dança. Especialmente porque nem tudo são flores no que diz respeito a seus efeitos. “No laboratório, por exemplo, estamos trabalhando com análises de casos de bailarinas clássicas adolescentes, cuja baixa-estima costuma ser menor que a de meninas da mesma idade que não dançam. Estamos testando tanto a hipótese de que o meio do balé afeta os sentimentos das bailarinas, quanto a de que meninas de baixa auto-estima procuram a dança clássica justamente porque a dificuldade técnica reforça sua autopiedade”, relata.
Lovatt defende, sobretudo, um maior reconhecimento da dança como parte da base social do ser humano. Por mais que homens e mulheres do século XXI já não precisem tanto de seus passos como parte dos esforços de acasalamento – ou mesmo na esfera psicológica – os estudos em Hertfordshire vêm mostrando que esta relação é mais complexa do que se imaginava.
“A dança é uma parte importante na história humana e as evidências de que tem influência muito maior do que imaginávamos são motivos de sobra para que todos prestem um pouco mais de atenção”, finaliza Lovatt.
Fontes: Fernando Duarte/O Globo e Boehringer Ingelheim do Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário